25. Os Suspeitos (1995)

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Pollack, Baldwin, Del Toro, Byrne e Spacey são os criminosos

O diretor Bryan Singer ficou famoso entre os nerds e geeks por dirigir quatro filmes nas duas trilogias da franquia “X-Men” (2000-2016), incluindo os sucessos “X-Men” (2000) e “X-Men: Dias de Um Futuro Esquecido” (2014). Antes disso, porém, ele foi o responsável por “Os Suspeitos” (The Usual Suspects, 1995), que conta a história de cinco criminosos que se envolvem em uma chacina numa embarcação, arquitetada, aparentemente, por Kayser Soze, um bandido de fama internacional. Mas, afinal, quem é esse homem? Ele realmente existe ou é uma lenda para assustar as crianças?

O texto incrível de Christopher McQuarrie, que venceu o Oscar de Melhor Roteiro Original, utiliza-se da narração do personagem Verbal Kint (Kevin Spacey), o ladrão aleijado, para apresentar os outro quatro foras-da-lei: Hockney (Kevin Pollack), um ótimo fabricante de explosivos; McManus (Stephen Baldwin) e Fenster (Benicio Del Toro), dois parceiros de crime que se complementam em inteligência e paranoia; e Keaton (Gabriel Byrne), um bandido regenerado que sonha em viver uma vida normal com sua namorada, a advogada Edie Finneran (Suzy Amiss).

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Baldwin, Postlethwaite e Byrne em cena

Toda a história apresentada no filme é contada do ponto de vista de Kint, o único sobrevivente da chacina que está saudável o bastante para prestar depoimento ao detetive Dave Kujan (Chazz Palminteri). Passo a passo, o personagem vai desenrolando a história e apresentando novos personagens, como o Sr. Kobayashi (Pete Postlethwaite), o suposto advogado de Keyser Soze, e o traficante Redfoot (Peter Greece).

Os personagens de Gabriel Byrne e Chazz Palminteri são os protagonistas do filme e ambos os atores cumprem com excelência os papéis antagônicos de bandido e policial, tentando provar suas convicções de todas as maneiras possíveis. Byrne ganha destaque, agregando ao personagem um olhar de redenção e arrependimento. Igualmente, os coadjuvantes Baldwin, Del Toro e Postlethwaite são incríveis, cada um a sua maneira, como os tipos meio malucos e misteriosos da gangue de criminosos investigados.

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“E assim… ele se foi.”

O grande destaque das atuações, porém, é Kevin Spacey, que faz do deficiente Verbal Kint um homem inteligente e sagaz, que não tem pena de si mesmo ou de sua condição e que se assume como o bandido perigoso que é, apesar da descrença de seus colegas e da polícia, que o veem como um fraco oponente, que não pode correr e que não oferece riscos à qualquer projeto. Utilizando-se de suas próprias características físicas, Spacey faz o espectador acreditar na inocência de Kint com olhares perdidos, sorrisos de canto e uma entonação tranquila na voz, características que lhe garantiram o merecido Oscar de Melhor Ator Coadjuvante.

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Com o auxílio da trilha sonora original de John Ottman, que adota um tom dramático e misterioso, exaltando a característica dúbia da projeção, “Os Suspeitos” é um filme incrível que costura as histórias de seus personagens com maestria, dando pequenas pistas para o grande desfecho, cuja revelação é impressionantemente marcante.

Nota: 8/10

234. Os Vingadores (2012)

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Viúva Negra (Scarlett Johansson), Thor (Chris Hemsworth), Capitão América (Chris Evans), Gavião Arqueiro (Jeremy Renner), Homem de Ferro (Robert Downey Jr.) e Hulk (Mark Ruffalo)

Os maiores super-heróis das histórias em quadrinhos (HQs) da Marvel, reunidos num filme empolgante e divertido, com excelentes efeitos visuais e um vilão carismático. Tudo isso parecia um sonho distante, até que, em 2012, surgiu o filme “Os Vingadores” (The Avengers). Dirigido e roteirizado por Joss Whedon, o longa-metragem juntou personagens icônicos de várias histórias e os transformou num time poderoso e apto para defender a humanidade de qualquer adversidade.

A sinopse é a seguinte: Loki (Tom Hiddleston), um deus de outro planeta vem ao nosso planeta para dominar o mundo e ser o líder supremo dos terráqueos. Para isso, ele rouba o objeto mágico chamado Tesseract das instalações da Shield, uma agência secreta estadunidense que tem poderes quase absolutos. No roubo, Loki consegue controlar o físico Erik Selvig (Stellan Skarsgård) e o agente Clint Barton, também conhecido como Gavião Arqueiro (Jeremy Renner). O diretor da Shield, Nick Fury (Samuel L. Jackson), resolve, então, por em prática o que ele chama de “Iniciativa Vingadores”: uma reunião com os maiores heróis de todos os tempos para tentar resolver o problema.

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A partir de então, Homem de Ferro/Tony Stark (Robert Downey Jr.), Capitão América/Steve Rogers (Chris Evans), Thor (Chris Hemsworth), Hulk/Bruce Banner (Mark Ruffalo) e Viúva Negra/Natasha Romanoff (Scarlett Johansson) se juntam para recuperar o objeto mágico perdido com a ajuda dos agentes especiais Phil Coulson (Clark Gregg) e Maria Hill (Cobie Smulders).

“Os Vingadores” é o último filme da primeira fase do Universo Cinematográfico Marvel (UCM) e, considerando que todos os personagens já foram minimamente apresentados (ou ao menos introduzidos) em longas anteriores, o roteiro não perde tempo em explicar quem é quem. Mesmo assim, o espectador que ainda não tenha assistido “Homem de Ferro” (2008), “O Incrível Hulk” (2008), “Homem de Ferro 2” (2010), “Thor” (2011) ou “Capitão América: O Primeiro Vingador” (2011), não precisa se preocupar, já que não irá deixar de entender a trama por isso.

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Colbie Smulders e Clark Gregg interpretam os agentes Maria Hill e Phil Coulson

Como um grande e espetacular crossover (inserção de personagens de outras histórias numa trama única), o filme cumpre bem o papel de película de ação e aventura com elementos fantasiosos que são tão bem construídos pelos quadrinhos da Marvel (vide X-Men) que é difícil não gostar. A projeção tem de tudo: brigas, discussões, romance e momentos hilários de descontração. Tem lutas entre os irmãos Thor e Loki, entre a Viúva Negra e o Gavião Arqueiro, entre Thor e Homem de Ferro, entre Thor e Hulk, entre Hulk e Loki, entre Capitão América e Thor e tem debates acalorados entre todos eles. E além disso, ainda há espaço para o desenvolvimento de alguns personagens.

Por ser o astro de dois filmes anteriores, o milionário Tony Stark, alcunha do Homem de Ferro, é o que tem a personalidade mais bem definida, chegando a protagonizar cenas demonstrando o afeto que sente por Pepper Potts (Gwyneth Paltrow), num relacionamento amadurecido a duras penas. Ademais, ele e o sistema inteligente Jarvis (Paul Bettany) têm uma sintonia incrível, com diálogos de quem conhece um ao outro.

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Do universo asgardiano de Thor, o espectador reencontrou Loki, o irmão adotivo que – SPOILER – fora dado como morto no filme de apresentação do deus nórdico. Loki mostra mais de seu carisma insano e sedento de poder na busca pela dominação mundial. Igualmente, o físico Erik Selvig é reintroduzido, agora como um funcionário (ou convidado) da Shield para decifrar os mistérios desses objetos mágicos que parecem cada vez mais frequentes na Terra, juntamente com os alienígenas.

Os agentes Natasha Romanoff e Clint Barton, respectivamente, a Viúva Negra e o Gavião Arqueiro, são os únicos civis que fazem parte, oficialmente, dos Vingadores e, além de não possuírem poderes especiais ou armaduras modernas, também não têm um filme solo e, por isso, protagonizam algumas cenas a mais que os outros, demonstrando pouco, mas o suficiente de seus passados e personalidades tão bem construídas e semelhantes entre si.

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Samuel L. Jackson é Nick Fury, diretor da Shield

Não se esperam atuações excelentes dos artistas que fazem filmes de super-heróis, mas, por ser uma projeção com tantos personagens importantes, tudo poderia ficar confuso se não fossem as boas conduções do elenco. Os coadjuvantes Gwyneth Paltrow, Stellan Skarsgård, Paul Bettany, Clark Gregg e Colbie Smulders e os heróis interpretados por Chris Hemsworth, Chris Evans e Jeremy Renner têm desempenhos medianos, mas compatíveis com o esperado para seus personagens.

O destaque positivo desta trupe fica para Bettany que consegue atuar convincentemente apenas com a voz do sistema Jarvis; e Evans que fez seu Capitão Steve Rogers evoluir após ficar mais de 70 anos congelado. O Capitão América tem otimismo e bondade reconfortantes e às vezes um pouco irritante. Apesar da falta de expressões do ator, o resultado não compromete a satisfação do público com o personagem. Hemsworth, por sua vez, é o único que tem uma atuação quase robotizada como Thor. Estes problemas dos heróis são corrigidos e aperfeiçoados com o lançamento de títulos futuros do UCM, como “Vingadores: Era de Ultron”, em 2015 e “Capitão América: Guerra Civil”, em 2016.

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Loki (Tom Hiddleston) e a agente Natasha Romanoff, ou Viúva Negra (Scarlett Johansson)

Quem entrega melhores performances são os astros Samuel L. Jackson, Robert Downey Jr., Tom Hiddleston, Mark Ruffalo e Scarlett Johansson. O Loki de Hiddleston é carismático e divertido e é muito mais humanizado que seu irmão Thor, sendo um dos melhores vilões da Marvel nos cinemas, juntamente com o Magneto/Erik Lensherr, da franquia X-Men (2000-2016), interpretado pelos astros Ian McKellen (2000-2014) e Michael Fassbender (2011-2016).

Jackson, que já havia apresentado seu Nick Fury em filmes anteriores, mostra uma faceta mais combativa do diretor da Shield, que não tem medo de sair correndo ou atirar em qualquer um para cumprir seus objetivos. Downey Jr. mostra, a cada longa como Tony Stark, mais da personalidade do playboy, demonstrando o amadurecimento do entendimento do personagem e da melancolia que lhe é peculiar.

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Mark Ruffalo dá vida ao pesquisador Bruce Banner depois do afastamento do ator Edward Norton, que foi o Hulk nos filme anterior do monstro verde. Assim, o astro pega um trabalho já iniciado, mas não decepciona: Banner, na interpretação de Ruffalo, é uma pessoa calma e controlada que passou por uma depressão e não quer mais que o Hulk apareça, com medo dos estragos e mortes que pode causar. Scarlett Johansson, por sua vez, faz a agente Romanoff evoluir constantemente como a mulher poderosa e inteligente que é. No meio de tantos homens com super-poderes, ela não se deixa abater ou desanimar. Ela é a força que movimenta o grupo, fiel à Nick Fury e ao treinamento exaustivo que a privou de emoções e sentimentos. Scarlett tem o poder de sussurrar um texto banal com a mesma intensidade que corre perseguida por um gigante feito em computação gráfica, numa atuação profundamente bem construída.

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Evans, Ruffalo e Downey Jr. em cena

A trilha sonora original é de Alan Silvestri, compositor de Nova York indicado ao Oscar pelas canções originais de “Forrest Gump: O Contador de Histórias” (1994) e responsável ainda pelas trilhas de clássicos de aventura, como “De Volta Para o Futuro” (1985) e “O Retorno da Múmia” (2001), além de comédias românticas e infantis, como “O Guarda-Costas” (1992), “A Morte Lhe Cai Bem” (1992), “Operação Cupido” (1998) e a trilogia “Uma Noite No Museu” (2006-2014). As composições de Silvestri são excelentes e dão o tom necessário de amizade e aventura necessário à produção, além de ficar na cabeça por alguns dias.

“Os Vingadores” é o tipo de filme que merece ser apreciado como a grande aventura que é, com vários personagens e situações que só acontecem em filmes do gênero. Todo o Universo Cinematográfico da Marvel reinventou a indústria cinematográfica, com um marketing incrível que ajudou a lotar salas de cinema por todo o mundo, fazendo deste encerramento da primeira fase, a terceira maior bilheteria de todos os tempos por três anos, ficando atrás apenas de “Avatar” (2009) e “Titanic” (1997), ambos do diretor James Cameron e sendo superado apenas em 2015 por “Jurassic World: O Mundo dos Dinossauros”.

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Ainda haverão outros filmes do UCM e também as adaptações das HQs da DC Comics, outra gigante das histórias em quadrinhos, detentora de Batman, Super-Homem, Flash e Mulher Maravilha. A era das adaptações de quadrinhos foi iniciada há alguns anos, mas o auge se deu em 2012, com esta obra-prima do cinema moderno. Avante Vingadores, Marvel e DC! Avante super-heróis!

Nota: 8/10